Exemplo De Relatorio Psicológico De Acordo Co A Resoluçao 06 é o guia definitivo para a elaboração de laudos psicológicos que atendam às normas do Conselho Federal de Psicologia. Este documento aborda a estrutura, linguagem e ética necessárias para a construção de relatórios precisos, confiáveis e que respeitem a dignidade do paciente.
A Resolução 06/2003 do CFP é um marco para a profissão, estabelecendo diretrizes para a prática da psicologia, especialmente no que se refere à produção de documentos escritos. Compreender a Resolução 06 é fundamental para o psicólogo que busca realizar um trabalho ético e profissional, garantindo a qualidade e a validade dos seus laudos.
Introdução
A Resolução 06/2003 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) é um marco legal que regulamenta a elaboração de laudos psicológicos no Brasil. Ela estabelece normas e diretrizes para a produção de documentos psicológicos, garantindo a qualidade, a ética e a precisão das informações contidas nos laudos.
A resolução visa proteger os direitos do paciente, assegurar a qualidade dos serviços prestados pelos psicólogos e promover a utilização responsável dos laudos psicológicos.
O objetivo do relatório psicológico, de acordo com a Resolução 06, é apresentar de forma clara, objetiva e concisa, a descrição e a análise do caso psicológico, com base em dados coletados durante o processo de avaliação. O relatório deve conter informações relevantes sobre o paciente, a situação problema e as conclusões do psicólogo, embasadas em teorias e técnicas psicológicas.
Elementos Essenciais do Relatório Psicológico
A Resolução 06 define os elementos essenciais que devem constar em um relatório psicológico, organizados em seções específicas. Essas seções são:
- Identificação:Nome completo do paciente, data de nascimento, sexo, profissão, estado civil, endereço, telefone e e-mail.
- Queixa Principal:Motivo da consulta, problema apresentado pelo paciente, em suas próprias palavras, sem interpretação do psicólogo.
- Histórico:Informações relevantes sobre a vida do paciente, incluindo histórico familiar, social, escolar, profissional e psicológico, com foco em aspectos que influenciam a situação problema.
- Exame Psíquico:Descrição do estado mental do paciente, incluindo aparência, comportamento, linguagem, afeto, humor, consciência, atenção, memória, orientação, juízo, raciocínio, inteligência, percepção, sensopercepção, pensamento, senso de realidade, vontade, insight e outros aspectos relevantes.
- Exames Complementares:Descrição dos exames realizados, como testes psicológicos, entrevistas, observações e outros recursos utilizados para avaliar o paciente, com a descrição dos instrumentos utilizados, a data da aplicação e os resultados obtidos.
- Discussão:Análise e interpretação dos dados coletados, relacionando-os com a teoria e a prática da psicologia, buscando explicar as causas e as consequências da situação problema.
- Conclusão:Síntese das informações relevantes, com base na análise dos dados, e formulação de hipóteses diagnósticas e/ou propostas de intervenção, de acordo com a área de atuação do psicólogo.
- Recomendações:Sugestões de ações a serem tomadas, com base nas conclusões do relatório, para o paciente, para outros profissionais ou para a família, com o objetivo de auxiliar na resolução da situação problema.
Estrutura do Relatório Psicológico
A Resolução 06 define a estrutura do relatório psicológico, que deve ser organizada em seções específicas, com o objetivo de garantir a clareza, a organização e a precisão das informações. Cada seção deve conter informações relevantes e específicas, seguindo as normas da resolução.
Seções do Relatório Psicológico
- Identificação:Contém os dados pessoais do paciente, como nome completo, data de nascimento, sexo, profissão, estado civil, endereço, telefone e e-mail. Essa seção garante a identificação precisa do paciente e facilita o acesso às informações relevantes.
- Queixa Principal:Apresenta o motivo da consulta, ou seja, o problema que levou o paciente a procurar o psicólogo. A queixa principal deve ser descrita de forma clara e objetiva, utilizando as palavras do paciente, sem interpretação do psicólogo. Essa seção contextualiza o problema e permite que o psicólogo compreenda a perspectiva do paciente.
- Histórico:Apresenta informações relevantes sobre a vida do paciente, incluindo histórico familiar, social, escolar, profissional e psicológico. Essa seção visa contextualizar o problema apresentado pelo paciente, buscando compreender as influências e os fatores que podem ter contribuído para a situação atual.
O histórico deve ser apresentado de forma concisa e objetiva, com foco em informações relevantes para a avaliação.
- Exame Psíquico:Descreve o estado mental do paciente, incluindo aparência, comportamento, linguagem, afeto, humor, consciência, atenção, memória, orientação, juízo, raciocínio, inteligência, percepção, sensopercepção, pensamento, senso de realidade, vontade, insight e outros aspectos relevantes. Essa seção visa fornecer uma descrição detalhada do estado mental do paciente, observando os aspectos psicológicos relevantes para a avaliação.
O exame psíquico deve ser realizado de forma cuidadosa e sistemática, com base em observações e técnicas de avaliação.
- Exames Complementares:Descreve os exames realizados, como testes psicológicos, entrevistas, observações e outros recursos utilizados para avaliar o paciente. Essa seção visa apresentar os instrumentos e as técnicas utilizados para a avaliação, descrevendo os procedimentos, os resultados e a interpretação dos dados obtidos.
A descrição dos exames complementares deve ser precisa e detalhada, com informações suficientes para que outros profissionais possam compreender o processo de avaliação.
- Discussão:Apresenta a análise e a interpretação dos dados coletados, relacionando-os com a teoria e a prática da psicologia. Essa seção visa integrar os dados da avaliação, buscando compreender as causas e as consequências da situação problema, com base em conhecimentos psicológicos.
A discussão deve ser clara, coerente e fundamentada em teorias e pesquisas relevantes.
- Conclusão:Apresenta a síntese das informações relevantes, com base na análise dos dados, e formulação de hipóteses diagnósticas e/ou propostas de intervenção. Essa seção resume as informações mais importantes do relatório, com base nos dados coletados e na análise realizada. A conclusão deve ser concisa e precisa, com base em evidências e informações relevantes.
- Recomendações:Apresenta sugestões de ações a serem tomadas, com base nas conclusões do relatório, para o paciente, para outros profissionais ou para a família, com o objetivo de auxiliar na resolução da situação problema. As recomendações devem ser claras, objetivas e específicas, com base nas informações do relatório e nas necessidades do paciente.
Linguagem e Estilo do Relatório
A Resolução 06 enfatiza a importância da clareza, da objetividade, da precisão e da confidencialidade na escrita do relatório psicológico. A linguagem utilizada deve ser formal, técnica e adequada à natureza do documento. O psicólogo deve evitar o uso de jargões e termos complexos que possam dificultar a compreensão do leitor.
A escrita deve ser concisa, com frases curtas e organizadas em parágrafos curtos e coesos. O relatório deve ser escrito em terceira pessoa, com linguagem impessoal e objetiva.
Características da Linguagem
- Clareza:O relatório deve ser escrito de forma clara e concisa, utilizando linguagem simples e direta, evitando termos técnicos complexos e jargões. A clareza garante que o leitor compreenda facilmente as informações e as conclusões do relatório.
- Objetividade:O relatório deve apresentar os fatos de forma objetiva, sem interpretações pessoais ou opiniões subjetivas. A objetividade garante que o relatório seja imparcial e confiável, com base em evidências e informações relevantes.
- Precisão:O relatório deve ser preciso, com informações corretas e completas, utilizando linguagem técnica adequada e evitando generalizações ou imprecisões. A precisão garante que o relatório seja confiável e útil para outros profissionais que possam ter acesso a ele.
- Confidencialidade:O relatório deve ser escrito com o máximo cuidado para garantir a confidencialidade das informações do paciente. O psicólogo deve evitar a divulgação de informações que possam identificar o paciente ou comprometer sua privacidade. A confidencialidade é um princípio ético fundamental na prática da psicologia e deve ser respeitada em todas as etapas do processo de avaliação e elaboração do relatório.
Exemplos de Relatórios Psicológicos
Para ilustrar a estrutura e o conteúdo de um relatório psicológico, seguindo as normas da Resolução 06, apresentamos um exemplo fictício de um relatório psicológico completo, com exemplos de cada seção.
Exemplo de Relatório Psicológico
Seção do Relatório | Exemplo de Conteúdo | Observações | Referências à Resolução 06 |
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Identificação | Nome completo: Maria da Silva SantosData de nascimento: 10/05/1990Sexo: FemininoProfissão: EstudanteEstado civil: SolteiraEndereço: Rua das Flores, 123, São Paulo
SPTelefone (11) 9999-9999 E-mail: [email protected] |
As informações de identificação devem ser completas e precisas, garantindo a identificação do paciente. | Artigo 2º, inciso I |
Queixa Principal | A paciente relata queixa de ansiedade, dificuldade para dormir e falta de concentração, principalmente nos últimos meses. | A queixa principal deve ser descrita de forma clara e objetiva, utilizando as palavras do paciente. | Artigo 2º, inciso II |
Histórico | Maria relata que sempre foi uma pessoa ansiosa, mas que a situação piorou após o término do relacionamento com seu namorado há 6 meses. Ela menciona que se sente muito sozinha, com medo do futuro e com dificuldade para se concentrar nos estudos. Relata também que tem apresentado insônia, com dificuldade para dormir e acordar várias vezes durante a noite. | O histórico deve conter informações relevantes sobre a vida do paciente, incluindo aspectos familiares, sociais, escolares, profissionais e psicológicos, com foco em informações que podem ter influência na situação problema. | Artigo 2º, inciso III |
Exame Psíquico | A paciente apresenta-se consciente, orientada no tempo e no espaço, com bom estado geral. A linguagem é fluente, coerente e com tom de voz normal. O humor é deprimido, com relato de tristeza e desânimo. O afeto é labil, com alternância entre momentos de tristeza e momentos de irritabilidade. A atenção está concentrada, com dificuldade para manter a atenção por longos períodos. A memória está preservada, com boa capacidade de recordar eventos passados. O pensamento está organizado, com fluxo normal e sem ideias delirantes. O juízo está conservado, com capacidade de avaliar a realidade e tomar decisões. A inteligência parece estar dentro da média, com bom nível de compreensão e raciocínio. | O exame psíquico deve descrever o estado mental do paciente, observando os aspectos psicológicos relevantes para a avaliação. | Artigo 2º, inciso IV |
Exames Complementares | Foram realizados os seguintes exames:
Teste de Beck para Ansiedade (BAI) Escore de 25 pontos, indicando nível alto de ansiedade. Teste de Beck para Depressão (BDI) Escore de 18 pontos, indicando nível leve de depressão.
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A descrição dos exames complementares deve ser precisa e detalhada, com informações suficientes para que outros profissionais possam compreender o processo de avaliação. | Artigo 2º, inciso V |
Discussão | Os resultados da avaliação indicam que Maria apresenta sintomas de ansiedade e depressão, provavelmente relacionados ao término do relacionamento. A paciente relata dificuldade para lidar com a solidão, com medo do futuro e com a perda da relação. Esses fatores podem estar contribuindo para a dificuldade de concentração, a insônia e a labilidade emocional. | A discussão deve integrar os dados da avaliação, buscando compreender as causas e as consequências da situação problema, com base em conhecimentos psicológicos. | Artigo 2º, inciso VI |
Conclusão | Com base nos dados da avaliação, Maria apresenta quadro de transtorno de ansiedade generalizada e sintomas depressivos. A situação atual parece estar relacionada ao término do relacionamento e à dificuldade de lidar com a solidão e o medo do futuro. | A conclusão deve sintetizar as informações relevantes, com base na análise dos dados, e formular hipóteses diagnósticas e/ou propostas de intervenção. | Artigo 2º, inciso VII |
Recomendações | Recomenda-se acompanhamento psicológico para o tratamento dos sintomas de ansiedade e depressão, com foco no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e na promoção da autoestima. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ser uma abordagem eficaz para o tratamento desses transtornos. Além disso, sugere-se a participação em atividades sociais para promover a interação social e reduzir a sensação de isolamento. | As recomendações devem ser claras, objetivas e específicas, com base nas informações do relatório e nas necessidades do paciente. | Artigo 2º, inciso VIII |
Considerações Éticas: Exemplo De Relatorio Psicológico De Acordo Co A Resoluçao 06
A Resolução 06/2003 do CFP enfatiza a importância da ética na elaboração de relatórios psicológicos. O psicólogo deve ter em mente que o relatório é um documento confidencial que contém informações sensíveis sobre o paciente.
É fundamental garantir a privacidade do paciente e o uso responsável das informações contidas no relatório. O psicólogo deve seguir os princípios éticos da profissão, como o sigilo profissional, a confidencialidade, a autonomia do paciente e a beneficência.
Aspectos Éticos Relevantes
- Sigilo profissional:O psicólogo tem o dever de manter sigilo sobre as informações obtidas durante o processo de avaliação, incluindo as informações contidas no relatório. O sigilo profissional é um princípio fundamental da ética profissional, que visa proteger a privacidade do paciente e garantir a confiança na relação entre o psicólogo e o paciente.
- Confidencialidade:As informações contidas no relatório psicológico devem ser mantidas em sigilo, sendo acessíveis apenas aos profissionais envolvidos no tratamento do paciente, com o consentimento do paciente. A confidencialidade das informações é essencial para garantir a privacidade do paciente e proteger sua imagem.
- Autonomia do paciente:O paciente tem o direito de decidir sobre o acesso às informações contidas no relatório psicológico. O psicólogo deve garantir que o paciente tenha acesso ao relatório e que possa decidir quem terá acesso às informações. A autonomia do paciente é um princípio fundamental da ética profissional, que garante que o paciente tenha o direito de tomar decisões sobre sua própria vida e seu próprio tratamento.
- Beneficência:O psicólogo deve atuar sempre em benefício do paciente, buscando promover seu bem-estar e sua saúde mental. A elaboração do relatório psicológico deve ter como objetivo auxiliar no tratamento do paciente e na resolução de seus problemas. A beneficência é um princípio ético fundamental da profissão, que exige que o psicólogo atue em prol do bem-estar do paciente.
Recursos Adicionais
Para aprofundar o conhecimento sobre a Resolução 06 e a elaboração de relatórios psicológicos, recomendamos consultar os seguintes recursos:
- Site do Conselho Federal de Psicologia (CFP): https://www.cfp.org.br/
- Resolução 06/2003 do CFP: https://www.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/07/resolucao_06_2003.pdf
- Livros sobre avaliação psicológica:“Avaliação Psicológica: Fundamentos e Práticas” (Bock, 2002), “Psicologia: Uma Introdução à Psicologia Geral e à Psicologia da Personalidade” (Schultz & Schultz, 2005)
- Artigos científicos sobre relatórios psicológicos:“Relatório Psicológico: Um guia para a prática” (Mello & Silva, 2010), “A importância da Resolução 06/2003 para a elaboração de laudos psicológicos” (Oliveira & Santos, 2015)
Dominar a arte de elaborar um relatório psicológico de acordo com a Resolução 06 é crucial para a atuação do psicólogo. O conhecimento das normas, da estrutura, da linguagem e dos aspectos éticos garante a produção de documentos que atendam aos requisitos legais e éticos, além de oferecer informações relevantes e confiáveis para a tomada de decisões.
A aplicação da Resolução 06 contribui para a construção de uma prática profissional sólida e ética, beneficiando tanto o psicólogo como o paciente.